domingo, 14 de agosto de 2016

APOCALIPSE

A miúda linda que está à minha frente mexe no computador. Agora fala ao telemóvel. Oxalá fosse minha. Sou preguiçoso nas tarefas domésticas. Á parte isso tenho poderes. Vou muito longe. Vou do céu ao inferno. Brilho. Não sou o homem comum. Acho ridículos o dinheiro e o mercado. Acho absurda a luta pela vida, a vida de escravos. Mas também acho ridículas as historietas que esses escritores escrevem. O ponto fulcral está na vida que levamos. Até posso estar sentado à mesa num café de Braga a escrever sem que se passe nada de extraordinário mas sei que, pelo menos, estou a viver e a observar as miúdas lindas. Não preciso de estar sempre em êxtase. Eu sei que não estou a lutar por nada, que não estou envolvido em nenhuma competição, que não procuro nenhum prémio. Conquistei o meu espaço, não tenho um trabalho imposto, pouco ou nada tenho de imposto. No fundo, sou uma espécie de deus, de senhor. Um senhor sem escravos. Tem sido um longo caminho desde os 18 anos, desde que comecei a sair à noite em Braga, desde os Doors e os Pink Floyd, desde as primeiras leituras. Depois vieram as patadas, as grandes depressões, as alucinações. Sim, vivi muito. Vivi a santa loucura. O álcool, os vidros partidos, as ameaças, as bebedeiras. A puta do rock n' roll. Que vida! Só que há dias em que ando adormecido. Em que me sinto fraco. Em outros, pelo contrário, cavalgo o apocalipse. Os guerrilheiros, os atentados vivem em mim. Até parece que comando exércitos. E não me venham dizer que são alucinações. É mais do que isso. É Artur. É o Graal. Sou aquele que arde. Sou aquele que bebe do infinito.

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