sexta-feira, 17 de março de 2017

Como, provavelmente, quase todos os portugueses (aqui o quase não é força de expressão), estou intrigadíssimo com todo este processo. Vou passar ao lado, propositadamente, de todas as peripécias de acusações, que não são acusações, arguidos atrás de arguidos, e por aí fora.
Vou-me ater apenas a alguns aspectos, que me suscitaram muita espécie, desde o início, e no decorrer:
1. A forma e o momento da detenção de um ex-primeiro-ministro português, (sim, quer queiramos quer não, ocupou um dos lugares de maior destaque da República Portuguesa). Pois, assistimos em directo pela televisão à sua detenção, com viaturas das autoridades com sinalização ligada, a grande velocidade, tornando paupérrimos alguns filmes de acção holliwoodescos. E, como se corria o risco de José Sócrates se esconder em algum bar saboreando vagarosamente uma bebida, há que o deter à chegada ao aeroporto;
2. Desde essa data, alguma comunicação social e algumas forças políticas, sabiam todas as prevaricações e crimes que o visado cometera, que nos iam alimentando, a conta gotas, a curiosidade, e o melhor ficava sempre para o próximo capítulo, sendo o apetite mais aguçado do que com a "Gabriela" da minha juventude;
3. Esteve detido, e com limitações sérias de comunicabilidade, durante cerca de nove meses, por perigo de fuga, para não perturbar as investigações, porque os indícios e suspeitas eram fortes,...E, entretanto, foi libertado (com medidas de coação, evidentemente), e deixaram de haver todos os perigos inicialmente apontados! (Ah, estou a lembrar-me da hora da viagem do Tribunal até Elvas, sendo o cansaço do detido bem visível no rosto!);
4. Nesse ano de eleições legislativas, as referências à situação de José Sócrates foram constantes, por parte de alguma comunicação social e de algumas forças políticas, ressalvando sempre, claro, que era um problema da Justiça, etc. etc.;
5. As "certezas" dos crimes e valores anunciados por alguma comunicação social, anunciadas numa semana e desmentidas na outra (com substituição dos "factos" e valores);
6. Sobre as sucessivas datas e prazos ultrapassados (ou não) não me pronuncio, dado que outros o farão melhor;
7. Não me alongo mais, e termino com uma dúvida: se, de facto, José Sócrates é culpado e autor de todos os crimes de que é supostamente acusado (pelo menos na praça pública já o foi), e se há tanta impossibilidade de reunir provas capazes de sustentar a sua culpabilidade, então, estaremos em presença de um génio?
Convenhamos que será muito bom sabermos toda a verdade, e que seja feita Justiça. Para bem do próprio José Sócrates, e para bem de todo o povo português.


Barros Correia

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