quinta-feira, 7 de setembro de 2017

O dedo na ferida

Às pessoas mais atentas fica sempre a percepção que os cantados e decantados “direitos, liberdades e garantias” são pouco mais que uma perversidade que permite aos poderosos, e só a estes, manipularem a justiça como bem entendem os seus mediáticos e caríssimos advogados, sempre em desfavor dos mais pobres e da colectividade.

O presidente do Tribunal da Relação de Lisboa não esteve com “panos quentes” quando questionou se haverá justiça quando os pobres pagam impostos e os ricos são resguardados por erros informáticos que impedem o fisco de escrutinar e divulgar a transferência de 10 mil milhões de euros para paraísos fiscais, erros estes que nunca acontecem a favor dos pobres.

Se haverá justiça quando os pobres são expulsos dos centros das cidades e os ricos convidados a lá instalar os seus interesses; se haverá justiça numa sociedade com tantos pobres, com os ricos constantemente contemplados com volumosos subsídios escondidos sob os mais variados pretextos, como investimento, interioridade, criação de emprego, estímulo à economia.

Refere ainda Orlando Nascimento o pretenso eruditismo com que demasiadas vezes os juízes, em vez de dicidirem, se perdem em lucubrações de natureza académica, com termos que nem os académicos já usam...


Amândio G. Martins

3 comentários:

  1. Amigo, isto tudo está a ser uma continuada 'pepineira', pois - SEMPRE - quem se lixa é o mexilhão, quase em vias de extinção.

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  2. Ó senhor Amaral, mas já é reconfortante saber-se que há por dentro do sistema pessoas credenciadas que não compactuam. E ocorre-me para o caso o famoso poema de Sofia, de que destaco três versos::
    Porque os outros são os túmulos caiados
    Onde germina calada a podridão.
    Porque os outros se calam mas tu não.

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  3. E acrescento o do Manel: Há sempre alguém que resiste/ Há sempre alguém que diz não.

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