Chama-se
Nádia Carvalho. É ainda quase uma menina. É uma adolescente de 16
anos. É recordista dos 1500 metros em obstáculos na categoria de
iniciados, campeã nacional dos 2000 metros em obstáculos e no
passado dia 5, Domingo, devia ter participado numa prova nacional de
corta-mato em Torres Vedras, onde ia tentar obter o apuramento para o
Europeu de Juniores. Ia, mas não foi! E não foi, porque a Nádia é
“simples, determinada e altruísta”. Diz quem lida com ela, e o
ato heroico de solidariedade e amor ao próximo que praticou nesse
dia, prova-o.
Manhã
cedo, estando a equipa do Núcleo Sporting de Torres Novas,
juntando-se para partir para Torres Vedras para a prova acima
referida, ouve-se o estrondo de algo caindo à água. Alguém viu
logo tratar-se de uma pessoa que se tinha atirado ou caído da ponte
do Raro para o Rio Almonda e deu o alarme. Era uma senhora. O
dirigente do clube, Mário Rui, foi à procura de um pau ou algo que
pudesse tentar puxá-la para a margem, mas, entretanto, outra pessoa
atira-se da ponte não para pôr termo à vida, como o fez a infeliz
senhora que se debatia entre a vida e a morte, mas para a salvar. E
essa pessoa foi a Nádia. Manteve a senhora à tona e foi dando-lhe
ânimo até chegarem os bombeiros que continuaram os primeiros
socorros e a transportaram para o Hospital de Abrantes. E a nossa
heroína, encharcada, cheia de frio, emocionada, mas com a
consciência tranquila e a alma cheia, já não seguiu para Torres
Vedras e arrisca o Europeu de Juniores. Mas: “A senhora dizia que
queria morrer e estive a consolá-la. Valeu a pena, não me
arrependo”. Mais palavras para quê, além destas, desta linda e
exemplar jovem?
Francisco
Ramalho
Corroios,
12 de Novembro de 2017
É claro que o que se conta de pejorativo acerca da juventude é manifestamente exagerado. De facto, e de uma maneira geral, quando os velhos se queixam dos jovens não fazem mais que repetir chavões com milhares de anos. Já tinha lido no JN a história exemplar desta menina...
ResponderEliminar