quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Prudência e caldos de galinha

Qualquer taxista que se preze (de tão estafada, a invocação da figura icónica já não será ofensa profissional) repete à exaustão que a criminalidade é elevada porque a polícia evita agir, para não ser desautorizada por qualquer decisão judicial que, alegadamente, põe sempre a mãozinha protectora por baixo dos criminosos.

Nunca refere o superior direito de qualquer cidadão a beneficiar de tudo o que é humanamente possível para o livrar do erro judiciário. Continuo a preferir que, na dúvida, um criminoso fique em liberdade em vez de um inocente na cadeia. É que isto pode acontecer a qualquer um de nós, como aquela senhora que foi morta, por engano, baleada pela polícia, em Lisboa. Haverá, certamente, quem invoque que a polícia agiu em boa-fé e que o condutor da viatura em que seguia se fartou de fazer asneiras. Mas, convenhamos, fazer perigar a vida de alguém por não ter carta de condução, ignorar sinal de paragem ou conduzir de forma perigosa, não é coisa que caiba em qualquer articulado penal civilizado. Todo o cuidado é pouco.

Público - 17.11.2017 (expurgado do último período).

2 comentários:

  1. Concordo em absoluto com o conteúdo deste comentário. Numa altura em que, o politicamente correcto, é estar a desculpar todos os erros das autoridades e da justiça, é preciso ser isento, e não parcial, como muitos dos cronistas o são. Obrigado pela posição pública. Um abraço lusitano-.

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  2. É que não estamos nos Estados Unidos, suposta "pátria da liberdade", mas onde o cidadão se arrisca a ter descarragado no corpo um carregador inteiro só pelo simples gesto de levar a mão ao bolso para tirar um lenço de assoar; ou corre o risco de ser preso aos 15 anos e só no fim da vida vê aquela "justiça" dizer-lhe que foi vítima de um erro judiciário!

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