terça-feira, 16 de janeiro de 2018

APESAR DE TUDO, ESPERANÇA RENOVADA



2017, não deixa saudades. Deixa sim, chagas um pouco por todo o mundo. A Líbia, que depois de deposto o Governo e assassinado Kadafi após os bombardeamentos da França, do Reino Unido e da NATO, continua num caos. A destruição da Síria e a consequente fuga de milhões de refugiados. O Iraque e o Afeganistão, que continuam a lamber as feridas. A situação catastrófica no Iémen, devido à agressão da Arábia Saudita (aliada e principal cliente de armas dos EUA) que inclui um rigoroso bloqueio até à entrada de alimentos e medicamentos. Situação, que a ONU considera o pior desastre humanitário do mundo, onde um surto de cólera, a falta de medicamentos e alimentos e o estado de guerra, já provocaram e continuam a provocar milhares de mortos e milhões de subnutridos. As atrocidades e a limpeza étnica contra a minoria Rohingya no Myanmar. Os assassinatos de líderes sociais na Colômbia por mercenários a soldo de latifundiários e garimpeiros que ensombram os acordos de paz e que o respetivo Governo é acusado de não por cobro. O mandato de Trump que continua a ser um desastre com os exemplos do Médio Oriente onde encheu mais o barril de pólvora ao reconhecer Jerusalém com capital de Israel, a troca de ameaças com Kim Joug- On aumentando o perigo de um conflito nuclear de consequências apocalípticas, o rasgar do acordo nuclear com o Irão.
Como o rol já vai longo, destacamos o que de mais positivo nos deixou o velho ano, cujo rol, infelizmente, é bem mais curto. Em primeiro lugar, a derrota da organização mais fanática e criminosa, pelo menos da Era Moderna, o auto-denominado Estado Islâmico, na Síria, cujo mérito vai para o Exército daquele país,para a Rússia, para o Irão e para os combatentes curdos. Outro exemplo positivo que não tem tido a divulgação que merece, foi a denúncia muito digna e exemplar do obscurantismo medieval, do bárbaro sistema judicial e da forma indigna como a mulher é tratada na Arábia Saudita, feita pela bi campeã do mundo de xadrês Anna Muzychuk ,ao recusar-se, por isso,participar no campeonato do mundo daquela modalidade que ali decorreu.
Finalmente, no plano nacional, excetuando a desgraça dos incêndios, também consideramos positivo a prestação do atual governo do PS, apoiado na AR pelos partidos à sua esquerda, apesar das restrições impostas pelo serviço da dívida que o partido de António Costa persiste em não, pelo menos propor, que seja revisto.
Tinha pensado para título; Ano Novo, Vida Velha, mas alterei. Como se diz por cá, a esperança é a ultima coisa a perder-se. Além disso, apesar dos escolhos e até de passos atrás, a marcha da humanidade é no sentido da justiça, da dignidade e da liberdade, e não da injustiça e do opróbrio.
Passámos do esclavagismo ao feudalismo, deste ao capitalismo, e este, não será o fim da história.
Um ano o melhor possível para todos.
Francisco Ramalho
Corroios, 5 de Janeiro de 2018

Publicado na edição de 9/1/18 do semanário " O Seixalense"


1 comentário:

  1. Do filósofo francês Jules Lachelier: "O mundo é um pensamento que não se pensa, suspenso de um pensamento que se pensa".

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