quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Tudo passa, tudo muda...


“...Então começaram as guerras: e que direi dos exércitos inumeráveis, das batalhas campais e marítimas, das vitórias e  triunfos de umas nações e da ruína, abatimento e servidão de outras? Só digo que assim a glória e alegria dos vencedores, como a dor e afronta dos vencidos, tudo passou, porque tudo passa.
O exército de Xerxes, que foi o maior que viu o Mundo, constava de cinco mil naus e cinco milhões de combatentes; e porque de uma e outra parte fez continente o Helesponto e cavou e fez navegável o monte Ato, disse dele Marco Túlio que caminhava os mares a pé e navegava os montes... Mas todo aquele imenso e formidável aparato, que visto fez tremer o mar e a terra, tão brevemente passou e desapareceu, sendo desbaratado e vencido.
O mesmo Temístocles, que com muito desigual poder o desfez e pôs em fugida, também passou, como na Grécia e fora dela passaram todos os famosos capitães e suas vitórias. Passou Pirro, passou Mitridates, passou Filipe da Macedónia; passaram Heitor e Aquiles, passaram Aníbal e Cipião, passaram Pompeu e Júlio César, passou o grande Alexandre e até Hércules, todos passaram, porque tudo passa”. Citação - P. A. Vieira.

De facto, tudo passa, tudo muda, desde o princípio dos tempos; só que a velocidade com que tudo acontece é hoje alucinante e a linguagem, com a mudança, já soa quase hermética para aqueles que, como muitos de nós, não podem, ou acham que já não vale a pena acompanhar...

Tenho um filho que vive entusiasmado esta dita 4ª  revolução; e, de cada vez que falamos pessoalmente, como agora aconteceu, no Natal, sou facilmente desarmado de argumentos.

Empolgado com bitcoins, perguntei-lhe se não andará a pôr em causa a sua estabilidade, envolvendo-se numa coisa para cujos riscos as grandes instituições financeiras vêm alertando...

 Respondeu-me que a palavra “estabilidade” lhe sugere ferrugem, e que o que preocupa essas instituições não é a iliteracia financeira dos que correm riscos, mas  o medo de se verem ultrapassadas!


Amândio G. Martins





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